Oftalmologia Geral

A oftalmologia geral engloba as consultas de rotina, com finalidade investigar e prevenir doenças através de um exame oftalmológico completo que inclui avaliação da pressão intraocular, do fundo do olho, da visão e da refração (avaliação do grau) do paciente. 

Consultas de urgência e emergência também costumam ser feitas em uma avaliação oftalmológica geral.

Conforme os achados do exame, o acompanhamento oftalmológico poderá ser mantido com o oftalmologista geral ou direcionado à um subespecialista em determinada área da oftalmologia, se necessário.

Acuidade visual

Acuidade significa “capacidade de percepção”. Em se tratando de oftalmologia, refere-se à nitidez com que uma pessoa consegue enxergar o contorno e a forma das coisas.

Além disso, ele também indica se a visão espacial é boa. A condição de acuidade visual normal é chamada de visão 20/20, o que significa que o indivíduo consegue enxergar detalhes em uma distância de até 20 pés — cerca de 6 metros. 

Refração (exame de grau)

A refração é um fenômeno que ocorre quando o feixe de luz, vindo do ambiente externo, atravessa o globo ocular para formar a imagem na retina. A incidência da luz na retina permite a formação de uma imagem nítida. Quando os feixes de luz sofrem algum desvio provocado pelo formato do olho e não são focados na retina, têm origem os chamados erros de refração, caracterizados pela falta de nitidez da visão.

Os principais erros de refração são miopia, hipermetropia e astigmatismo.

Erros de refração normalmente podem ser “corrigidos” com óculos ou lentes de contato, ou podem ser tratados permanentemente com cirurgias refrativas. ( Link para a página)

O exame oftalmológico para avaliar o erro de refração do paciente pode ser feito de forma subjetiva, utilizando-se o refrator manual, ou de forma objetiva, através da retinoscopia.

O que é miopia?

A miopia é o erro de refração em que a imagem é formada antes da retina, resultando na dificuldade de ver objetos distantes. A formação da imagem antes da retina ocorre quando o globo ocular é muito comprido, ou a córnea muito curva, fazendo com que os raios de luz focalizem antes da retina.

Normalmente a miopia manifesta-se durante a fase de crescimento e progride até os 20-25 anos de idade. Os sintomas mais comuns da miopia são: visão embaçada quando se olha para objetos distantes, necessidade de apertar os olhos para ver claramente objetos distantes, dores de cabeça, dificuldade ao dirigir um veículo, especialmente à noite.

O que é hipermetropia?

Hipermetropia é um problema visual marcado principalmente pela dificuldade de enxergar com nitidez objetos próximos, porém, com o progredir da idade e diminuição natural da acomodação visual, este erro de refração também gera uma baixa visual para imagens distantes. Ocorre quando o globo ocular é menor ou a córnea é menos curva, fazendo com que os raios luminosos que vão em direção aos olhos se encontrem num foco atrás da retina.

Sintomas mais comuns são: visão borrada dos objetos próximos, dor nos olhos e dor de cabeça durante a leitura.

É uma condição que afeta crianças e que tende a diminuir ao longo dos anos, em quantidade proporcional ao crescimento natural dos olhos.

O que é astigmatismo?

Para quem sofre de astigmatismo, não importa a distância em que estejam, todos os objetos ficam desfocados.

Trata-se de é uma deficiência visual geralmente provocada pela diferente curvatura da córnea em seus  meridianos. A córnea ideal tem uma superfície simetricamente curva. Nos casos de astigmatismo, a curvatura da córnea é mais ovalada. No entanto, também pode estar relacionado a uma curva mais acentuada para uma direção do que para outra no cristalino. Estes desajustes fazem com que a luz se refrate por vários pontos da retina em vez de se focar em apenas um.

O astigmatismo pode ser diagnosticado em um exame oftalmológico padrão com teste de refração. 

O que é presbiopia?

Presbiopsia é a dificuldade de distinguir com nitidez objetos próximos pela perda da acomodação visual relacionada à idade. Tende a ocorrer a partira dos 40 anos de idade.

O cristalino é uma estrutura semelhante a uma lente, que muda sua forma para melhorar a focalização das imagens, principalmente ao enxergar algo próximo. Para isso, ele é movido pelos músculos ciliares que se encontram ao seu redor e são determinantes na capacidade acomodativa do cristalino. Porém, com o tempo, esses músculos perdem gradativamente o poder de contração e, consequentemente, o cristalino não se adaptada mais da melhor forma à focalização da imagem. Como resultado, a visão de perto acaba sendo prejudicada.

A presbiopia não tem cura, mas pode ser corrigida e estabilizada com tratamento adequado: uso de óculos, lentes de contato ou cirurgia.

O que é anisometropia?

Anisometropia é a condição em que o erro refrativo é muito diferente entre os olhos (acima de 1,5 dioptrias). Quanto maior a diferença existente, maior a possibilidade de causar transtornos na “visão binocular” pois, as imagens registradas pelos olhos terão tamanhos diferentes, dificultando a interpretação desta informação pelo cérebro.

Ter visão binocular, isto é, quando ambos os olhos são usados em conjunto, só é possível, se a retina receber imagens iguais dos dois olhos, para que consiga fundi-las em uma só. A visão binocular influencia diretamente na nossa capacidade de noção espacial e de profundidade.

As queixas mais frequentes de pessoas com anisometropia são: dor de cabeça, desconforto visual aos esforços acomodativos e ambliopia (um olho com visão mais fraca que o outro).

O que é ambliopia?

Ambliopia é a redução da visão em um dos olhos que não foi usado adequadamente nos primeiros estágios da infância.

A doença, popularmente conhecida por “olho preguiçoso”, tem diversas causas. Pode ser provocada pelo desalinhamento dos olhos da criança (estrabismo) ou pela diferença da qualidade de imagem entre os dois olhos (um focaliza melhor que o outro).

Em ambos os casos, um olho se torna mais forte, pois o cérebro passa a suprimir a imagem do outro olho. Se esta condição persistir sem tratamento até por volta dos 7anos de idade, fase em que ocorre nosso desenvolvimento visual, a ambliopia pode se tornar permanente. Entretanto, quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, a visão do “olho preguiçoso” pode ser restaurada.

Dilatação pupilar

O colírio para dilatar as pupilas contém substâncias que aumentam o diâmetro das mesmas. Existem dois tipos de colírios dilatadores: um que estimula a contração dos músculos que fazem a pupila aumentar, permitindo a avaliação em detalhes do segmento posterior do olho e outro tipo que faz os músculos responsáveis pela contração do cristalino relaxarem, permitindo a avaliação do erro refrativo (grau) total do paciente, sem interferência desta musculatura.

A dilatação é realizada de rotina no exame de crianças e adolescentes, pois a interferência da acomodação muscular pode influenciar muito no exame de refração. E muitas vezes é necessário em adultos, em especial idosos, quando há suspeita de doenças oculares como alterações retinianas, catarata… O processo de dilatação dura em média 40 minutos desde a instilação da primeira gota até a reavaliação do paciente.

O tempo de duração do efeito da dilatação é de 3 a 24 horas (dependendo do tipo e da concentração de colírio e da suscetibilidade do paciente). Podem causar fotofobia (sensibilidade à luz) e dificuldade de visão (principalmente para perto), mas desaparecem com o passar das horas.

Oftalmologia Criança

A oftalmopediatra atua no diagnóstico e tratamento das diversas doenças oculares que são acometidas pelas crianças e adolescentes.

O exame oftalmológico pode ser realizado de maneira completa em crianças de qualquer idade. O que muda é a forma de proceder o exame, dependendo da idade e capacidade cognitiva das crianças.

Teste do Olhinho

O teste do olhinho (teste do reflexo vermelho – TRV) é o primeiro exame clínico de visão que deve ser realizado no bebê logo que ele nasce.

Ele permite verificar sinais de opacidade dos meios oculares (do cristalino, da córnea e do vítreo). É feito para triar diversas doenças como a catarata congênita, o retinoblastoma, entre outras patologias comuns na infância.

Geralmente é realizado pelo pediatra antes da alta da maternidade. Depois, recomenda-se que o exame oftalmológico de rotina continue sendo feito nas consultas regulares com o oftalmopediatra.

No caso de prematuros, o primeiro exame deve ser feito entre quatro e seis semanas de vida pelo oftalmologista. Se ainda permanecer hospitalizado, a avaliação deve ser feita na unidade neonatal. Após este exame, serão decididos a frequência das reavaliações e como será o acompanhamento durante todo o primeiro ano de vida.

Obstrução Congênita das Vias Lacrimais

A obstrução congênita do canal lacrimal geralmente é causada por um acúmulo de substâncias nas vias lacrimais durante o período de tempo no qual permaneceu no útero da mãe.  

O principal sintoma é o lacrimejamento/secreção recorrente, geralmente unilateral. Quando o canal lacrimal fica muito tempo obstruído, pode haver inflamação ou infecção local. Nesse caso, o local da inflamação – canto interno e inferior do olho, próximo à base do nariz – fica vermelho, inchado e dolorido.

Na maioria dos casos o manejo consiste em massagens frequentes do saco lacrimal buscando auxiliar na desobstrução. A massagem é realizada com uma pequena pressão da polpa do dedo na topografia do saco lacrimal, seguida de um suave movimento para baixo. Deve ser repetida várias vezes ao dia e por vários dias, até a resolução dos sintomas. Em casos não resolvidos  após 6 a 10 meses, pode ser necessário a sondagem de vias lacrimais.

Glaucoma Congênito

O glaucoma congênito é uma doença rara dos olhos que afeta crianças desde o nascimento até os 3 anos de idade, causada pelo aumento da pressão dentro do olho devido ao acúmulo de líquido, podendo afetar o nervo óptico e levar à cegueira quando não tratada.

O tratamento consiste numa cirurgia através da goniotomia, trabeculotomia ou implantes de drenagem do líquido intra-ocular. Colírios podem ser indicados para diminuir a pressão intra-ocular antes da cirurgia. É importante que seja feito o diagnóstico precoce e iniciado o tratamento, pois assim é possível prevenir complicações, como a cegueira.

Catarata Infantil

A catarata pode acontecer em qualquer época da vida e quando acomete a criança se denomina catarata infantil. Se está presente desde o nascimento, se denomina catarata congênita.

Nem toda catarata precisa de tratamento, mas quando ela atrapalha a visão o único tratamento é a cirurgia, que consiste na retirada do cristalino opaco. Dependendo da idade e do caso, pode-se ou não colocar uma lente intra-ocular na primeira cirurgia. Se não houver indicação dessa lente, devem ser prescritos óculos logo após a cirurgia para correção do grau elevado pela falta do cristalino.

Ambliopia

A ambliopia é uma causa comum de limitação da visão em crianças. É uma redução da visão que ocorre porque o cérebro ignora a imagem recebida de um dos olhos. A perda da visão pode ser permanente caso o distúrbio não seja diagnosticado e tratado antes dos sete anos de idade.

Estrabismo

O estrabismo pode ser definido como a perda de alinhamento dos olhos. Ele pode ocorrer desde o nascimento por fatores hereditários (mais comum) ou pode ser adquirido ao longo da vida por diferentes causas que afetem o sistema nervoso central ou diretamente o olho.  O desvio ocular pode ocorrer tanto horizontal quanto verticalmente. Saiba mais.

Miopia na Infância

A miopia é o erro de refração em que a imagem é formada antes da retina, resultando na dificuldade de ver objetos distantes. A formação da imagem antes da retina ocorre quando o globo ocular é muito comprido, ou a córnea muito curva, fazendo com que os raios de luz focalizem antes da retina.

A miopia em crianças tem influência de fatores genéticos e ambientais. Hoje, com o uso prolongado de dispositivos digitais (celulares, tablets e computadores) temos observado um aumento significativo da miopia em crianças.

Alergia Ocular Infantil

Os olhos podem ser acometidos por processos alérgicos, caracterizados por uma atuação excessiva do sistema imunológico que acaba prejudicando o próprio organismo.

O processo varia desde quadros leves, com poucos sintomas, até quadros graves, com muita coceira e sensibilidade à luz, inclusive com risco de desenvolvimento de cicatrizes/opacidades ou mesmo ectasia corneana (ceratocone) que podem limitar significativamente a visão.

Ao identificar esse sintoma em uma criança é necessário levá-la a um oftalmologista e constatando ser um quadro alérgico, serão feitas as orientações corretas.

Retinoblastoma

O retinoblastoma é o câncer ocular mais comum na infância. Um dos principais sintomas é a leucoria, um reflexo branco na pupila que muitas vezes só é notado sob luz artificial ou em fotos. 

Em geral, a leucoria surge em quadros mais avançados. Antes do surgimento, a criança pode apresentar sensibilidade à luz e estrabismo . 

O exame oftalmológico de rotina nos primeiros anos de vida é de extrema importância para a sua detecção precoce, uma vez que muitas vezes pode, inicialmente, não apresentar sintomas significativas.

Retinopatia da Prematuridade

A retinopatia da prematuridade é um distúrbio no qual os pequenos vasos sanguíneos no fundo dos olhos (retina) do bebê prematuro crescem de maneira atípica. A retinopatia da prematuridade é, em geral, leve e se resolve espontaneamente.

Contudo, entre 20 e 40% dos bebês afetados que pesam menos de um quilograma ao nascimento apresentam distúrbio grave e, em aproximadamente 4% desses bebês, ele avança até causar o descolamento da retina e perda de visão no prazo de dois a doze meses após o parto.

Esta doença pode levar a miopia, astigmatismo, glaucoma, descolamento de retina, nistagmo, estrabismo, diplopia, ambliopia ou mesmo cegueira completa já a partir dos 3-4 meses de vida.

Por isso o exame oftalmológico nas crianças com suspeita de desenvolver a doença deve ser feito a partir da 4ª semana de vida, pois o prognóstico está diretamente relacionado com o momento do diagnóstico.

Acompanhamento Oftalmológico de Rotina na Infância

Mesmo não sendo um hábito muito comum, crianças devem consultar o oftalmopediatra ao menos uma vez ao ano. Nessas consultas periódicas deve ser feito um check-up completo da visão, até completarem dez anos. Nessa idade a visão já está plenamente desenvolvida.

Dr. Renato Lisboa

CRM/SC 19686 - RQE 11263

Dra. María Eugenia Vola

CRM/SC 19738- RQE 11330